Já no primeiro teste, indignação. Salas lotadas de crianças, algumas chorando, outras esperando há várias horas, nada daquilo que o agenciador falou antes por telefone. Se a criança não for selecionada, eles nem ligam de volta. Mas para fazer parte do "casting" da agência, é preciso assinar um contrato, pagar uma taxa de inscrição (algumas abatem esta taxa do primeiro trabalho) e descontar um percentual fixo sobre cada trabalho fechado. Ah, e claro, providenciar um "Book" (fotos profissionais em tamanho grande) que não é nada barato.
Apesar de você preencher um cadastro detalhado, com os horários convenientes para os testes, habilidades, características e detalhes de cada criança, eles sempre ligam na véspera dos testes (quando não em cima da hora), cujos horários são sempre os mais problemáticos. Falam que é quase certo o trabalho, que adoraram a criança, que é fácil chegar no local, que não vai demorar, tudo é lindo. Mas nunca é nada daquilo que foi falado.
Meu filho foi chamado para um trabalho fotográfico de uma confecção infantil. Não era teste, era trabalho certo. Fomos recebidos no local com frieza e indiferença. Ele PERDEU PROVA, passou O DIA TODO trocando de roupas e posando para fotos com outros 2 meninos, eu sequer pude ficar com ele no estúdio e deixaram as crianças SEM COMER. O cachê? R$ 110,00, mas nunca vimos a cor do dinheiro, pois foi abatido do valor de inscrição da agência. Pedi uma cópia do catálogo, afinal, é um portfólio, mas nem isso o cliente fornecia. Nunca vi o tal catálogo.
Recentemente meus dois filhos foram chamados para o que seria um trabalho certo, a gravação de um vídeo para comercial de TV de um conhecido protetor solar... Cachê de R$ 90,00 para cada um, líquido, um dia inteiro de gravação. Chegando lá, a piscina que fazia parte da gravação estava imunda. A equipe mal olhou ou falou conosco, como se fôssemos lixo. Tinha uma mesa de café da manhã improvisada ao ar livre. Ok. Ninguém informava detalhes sobre a gravação, que nunca começava, pois uma pessoa estava atrasada e perdemos a manhã inteirinha lá, sem fazer nada. A privada do banheiro estava entupida.
Quando finalmente nos mandaram colocar trajes de piscina nas crianças, nos dirigiram para o interior da casa, que era uma enorme casa abandonada que servia de depósito de máquinas velhas. Tudo imundo, cheio de baratas mortas, cada um que se virasse para encontrar um cômodo, fechar a porta e se trocar. Havia modelos adultos, homens e mulheres, a privacidade era mínima. Ficamos horrorizados. (foto abaixo, de um dos cômodos da "casa abandonada")
As crianças ficaram de biquini, mas começaram a gravar primeiro os adultos. Descobrimos que aquilo não era a gravação do comercial efetivamente, mas sim UM TESTE DE CÂMERA!!! Fiquei muito P#*@. Lá pelas 14:00 falaram que poderíamos comer. Era a mesma mesa do café da manhã, cujos frios e pães eram disputados a tapa e começaram a ser racionados. Depois de um tempo, a moça que fornecia o café veio trazer uma torta que havia sobrado, e que provavelmente a equipe de filmagem não quis mais. Achei o recheio meio azedo, mas comi.
Finalmente, no final da tarde, resolveram filmar as crianças. Elas ficaram o dia todo correndo pelo gramado, mas em nenhum momento o cliente ou alguém da equipe ofereceu filtro solar, sendo que o comercial era exatamente disso. Uma das modelos, muito simpática, vendo a situação, se ofereceu para passar protetor nas crianças, logo antes das filmagens começarem.
O diretor de cena, um cara bem conhecido no mercado, metido a estrela, nem olhava para as mães das crianças, e a todo momento pedia para alguém mandar as mães se afastarem ou pararem de falar. Os súditos obedenciam como soldadinhos. Todos eram mal educados e mal humorados. As crianças foram as últimas a serem filmadas, já estava cansadas e com frio, pois o sol começou a baixar (era Setembro).
Saímos de lá às 18:00, não deram nenhum papel para assinarmos, o que é muito estranho, e perguntaram se estaríamos livres para viajar para a praia na semana seguinte, para filmar o comercial em si. Dissemos que sim. Voltamos de van para a produtora, onde deixamos os carros, e voltamos para casa. No dia seguinte, passei mal e deduzi que a torta azeda estava estragada e por isso não quiseram e deram para nós.
Ninguém nos ligou e não fomos chamados para o comercial. Ligava na agência desde outubro para receber pelos menos os cachês do teste, mas informavam que O CLIENTE NÃO TINHA LIBERADO O PAGAMENTO DOS CACHÊS. Demorou 6 meses!!!! Vimos o comercial sendo veiculado na TV, com atores totalmente diferentes. Quando se vê o comercial pronto, parece tudo lindo, maravilhoso, perfeito. As crianças perderam aula, ficaram torrando no sol, o local era sujo, os atores adultos nadaram na piscina imunda, o banheiro entupia toda hora, a comida estragada. E ainda demoraram 6 meses para liberar uma merreca de cachê, R$ 90,00 por criança. Em se tratando de um cliente líder de mercado, e quanto essa empresa fatura, é um insulto.
Portanto, NÃO SE ILUDAM com agências de modelos, comerciais, testes, etc. Eles fazem mil promessas, convencem a pagar por um Book caríssimo e poucos são os que deslancham nesse meio, isso depois de muito sacrifício e de passar por muitas situações como as que nós passamos. Não preciso disso e não vou mais sacrificar a escola e a paciência dos meus filhos em troca de tanta enganação e falta de respeito. A imagem dos nossos filhos não vale o que eles se propõem a pagar.
